Com tantos recursos de IA por aí, é tentador deixar que ela cuide de tudo. O conteúdo gerado por IA pode ser rápido, bem escrito e, de certa forma, “funcional”. Mas basta uma leitura mais atenta pra perceber que algo está faltando.
Sabe aquela opinião rasa, que não provoca reflexão? O que falta é uma identidade própria, algo que (por enquanto) só a edição humana é capaz de oferecer.
Não se trata de abandonar a IA, mas de assumir o seu papel de estrategista. Ela produz, você direciona. Ela estrutura, você refina. A diferença entre um texto genérico e um conteúdo de valor está justamente nesse meio do caminho: na curadoria, no contexto e na intenção.
Estudos apontam que esta falta de identidade é um dos grandes motivos que fazem o conteúdo fracassar.
E a culpa não é da ferramenta. É do olhar apressado, da publicação automática, da ausência de edição crítica. Quem quer usar IA de forma profissional precisa entender que o trabalho começa depois do texto pronto.
Vamos aos pontos que quase sempre ficam de fora quando a IA escreve sozinha — e por que isso compromete resultados reais.
1. Falta opinião (e coragem de sustentar)
IA busca consenso, evita conflito, não se compromete. E isso faz com que os textos pareçam corretos, mas nunca memoráveis. Opinião não é achismo — é posicionamento embasado. Um texto que se posiciona mostra que a marca sabe onde está e o que defende. E isso atrai quem pensa igual, afasta quem não se identifica, e principalmente, gera conversa.
2. Falta profundidade (e repertório)
A IA não tem vivência, só acesso a dados. Profundidade exige conexão com a realidade. Um texto profundo é aquele que vai além da definição, que mergulha nos porquês, que expõe dilemas, que reconhece exceções. A IA não sabe que um conceito funciona diferente em mercados distintos. Nem que uma estratégia pode colapsar em certos contextos. Mas você sabe. E isso precisa aparecer.
3. Falta originalidade (e assinatura)
Originalidade não é sobre criar algo inédito, mas sobre dizer de um jeito que seja só seu. A IA repete padrões porque é treinada para seguir médias. Mas nenhum conteúdo memorável nasceu da média. Trazer analogias próprias, criar títulos com voz, desenvolver exemplos que tenham cara de bastidor é o que transforma um texto em marca. A ausência de assinatura é o que faz tantos textos gerados por IA parecerem iguais.
4. Falta contexto, timing e visão
IA não entende o clima do setor, não percebe mudanças regulatórias, não acompanha o que o concorrente acabou de lançar. Um texto feito por IA pode ser “correto”, mas completamente deslocado da realidade do momento. É o olhar humano que traz o senso de urgência, o gancho com algo que está quente, o ajuste de tom para uma campanha delicada. Sem isso, o texto pode até informar, mas dificilmente vai engajar.
5. Falta edição com intencionalidade
Editar é mais do que revisar. É perguntar: qual a função desse texto na minha estratégia? O que eu quero que o leitor sinta, pense ou faça depois? Um texto editado com intenção respeita o espaço de quem lê. Evita rodeios, organiza ideias, reforça o que importa. E entrega ritmo, fluidez, voz. E isso não se pede para a IA. Isso se constrói.
IA é ferramenta, não resultado final. Quem entende isso, usa melhor. Conteúdo que performa é conteúdo com intenção, timing e identidade. A IA pode montar a base. Mas transformar isso em algo que ensina, conecta e diferencia é função de quem pensa como estrategista. E isso não muda com nenhuma atualização.