A notícia de que o ChatGPT vai ganhar plataforma de anúncios acende uma luz sobre uma virada fundamental no marketing digital: não se trata mais apenas de onde uma marca aparece, mas como ela surge dentro de interações mediadas por IA. A lógica da publicidade começa a se deslocar dos espaços tradicionais — banners, links, vídeos, para algo mais fluido e integrado: a presença da marca dentro da própria conversa. Essa mudança se alinha ao avanço da publicidade conversacional, um modelo que transforma o diálogo em canal estratégico e posiciona assistentes de IA como novo ponto de decisão para o consumidor.
O que é publicidade conversacional
Publicidade conversacional é um formato no qual anúncios ou mensagens de marca são inseridos diretamente no fluxo de uma conversa, de forma natural, customizada e bidirecional, ao invés de depender de banners estáticos, pop‑ups ou links isolados.
Características-chave
- Interatividade: o usuário conversa, responde prompts e obtém sugestões conforme interage.
- Contexto e personalização: a IA reconhece intenções, histórico ou preferências para entregar mensagens mais relevantes.
- Integração fluida: o anúncio aparece como parte da resposta ou sugestão da IA, sem rupturas visuais bruscas.
- Foco em engajamento, não interrupção: a proposta não é “forçar” o anúncio, mas fazer com que o usuário interaja porque a sugestão faz sentido naquele diálogo.
Exemplos práticos já em uso
- Chatbots que sugerem produtos ou ofertas conforme você está conversando com suporte ou assistente virtual.
- Respostas patrocinadas dentro de apps de assistente virtual ou integração com buscadores de IA.
- Mensagens automáticas em interfaces de WhatsApp, Messenger ou similares, conduzindo a ofertas ou conteúdo promocional.
Ainda que o ChatGPT não tenha oficialmente ativado anúncios completos, esse é o tipo de modelo que pode surgir nesse novo ecossistema.
Por que o ChatGPT acelera essa tendência
Várias pistas recentes confirmam que o ChatGPT, até então utilizado como ferramenta de suporte, pesquisa e geração de conteúdo, está em curso de transformação para se tornar um canal publicitário.
Esse movimento transforma o ChatGPT de um espaço neutro para consulta em um espaço de decisão, ou seja, o momento em que o usuário pergunta à IA pode virar o momento exato em que ele descobre uma marca ou oferta.
Além disso, o ChatGPT já começa hoje a influenciar o comportamento de compra: há estudos apontando que modelos de IA similares geram tráfego e interesse direto em varejistas e marketplaces. Com anúncios integrados, o ChatGPT deixa de ser apenas “ajudante” e pode virar vitrine. A escolha do consumidor pode surgir antes mesmo de visitar um site, dentro da própria conversa.
Como muda o foco do marketing digital
Quando a publicidade migra para dentro da conversa da IA, algumas regras do jogo se alteram profundamente:
1. Nova métrica de valor: presença conversacional
Não bastará medir CTR, impressões, custo por clique ou visibilidade em sites; será necessário mensurar quando e como a marca aparece nas respostas da IA, quantas vezes é mencionada dentro de diálogos e com que autoridade naquele contexto.
2. Novo “SEO conversacional”
Quem aparecer melhor, com mais autoridade e relevância para tópicos consultados por usuários, tende a ser citado ou referenciado pela IA. Portanto, reputação digital, consistência de conteúdo, menções e parcerias estratégicas podem determinar quem surge primeiro dentro da conversa.
3. Relevância contextual assume peso
Não adianta “ter um anúncio com bom copy” se não for pertinente à pergunta feita. A IA deve ver que a sugestão da marca é bem encaixada naquele fluxo, senão será ignorada ou até penalizada.
4. Métricas de engajamento conversacional
Indicadores como “quantas vezes a sugestão originou um clique”, “quantas continuaram a conversa”, “quantas resultaram em ação” ou “tempo dentro da interação” passam a fazer parte da régua.
Oportunidades para marcas
Com essa virada, surgem oportunidades estratégicas que exigem preparação:
- Autoridade automática: investir em presença digital consistente, com conteúdo de qualidade, menções, backlinks e reputação organizada, para que a IA reconheça a marca como confiável dentro de temas correlatos.
- Criatividade adaptada à conversa: desenvolver textos, respostas e scripts que fluam dentro de perguntas e respostas, não meros anúncios rígidos.
- Integração de dados e automação: alimentar modelos de IA, APIs ou plataformas com informação atualizada de catálogo, estoque, tom de voz e segmentações, para que sugestões sejam certeiras.
- Estratégia de primeiros-mover: quando a régua mudar, marcas já posicionadas para aparecer dentro da IA terão vantagem competitiva. Estar pronto antes de toda concorrência migrar pode garantir visibilidade privilegiada.
Desafios a considerar
É claro que nenhum sistema novo é sem riscos. Alguns pontos exigem atenção crítica:
- Relevância sem intrusão: a linha entre sugestão útil e anúncio invasivo será tênue. Se a marca aparecer de forma forçada, perde credibilidade.
- Experiência do usuário: é preciso balancear respostas neutras e sugestões patrocinadas, se sempre houver “propaganda”, o usuário pode desconfiar ou migrar para ambientes onde a IA é “mais limpa”.
- Privacidade e confiança: usar dados pessoais ou preferências para personalizar anúncios sem transparência pode gerar reação negativa.
- Desempenho da IA: inserir peças publicitárias no meio da geração de respostas pode degradar qualidade ou coerência, ou seja, a funcionalidade “assistente inteligente” não pode ser sacrificada.
Regulação e conformidade: leis de privacidade, transparência de propaganda e diretrizes de IA precisam ser observadas conforme cada jurisdição.
Não estamos falando de uma tendência futura: a publicidade conversacional já está sendo construída, e o ChatGPT pode ser uma das plataformas-chave dessa nova era publicitária. Para acompanhar esse movimento, marcas devem sair da mentalidade de “aparecer em anúncios” e pensar em “ser parte da conversa”.
A Agência Bons de Briga se posiciona como parceira estratégica para orientar empresas nessa transformação, ajudando a desenhar presença conversacional, preparar conteúdo adaptado e mapear a jornada de visibilidade em diálogos IA.