E aí, se sentindo excluído da nova febre da internet? Todos os seus amigos já ganharam um convite para o Clubhouse menos você?
Se a sua resposta para qualquer uma dessas perguntas for sim, parabéns, você foi pego com sucesso por um dos gatilhos mentais mais famosos do mundo do marketing: a exclusividade!
Mas calma, a gente veio aqui explicar (quase) tudo que você precisa saber, para entender por que você é tão influenciado por esses lançamentos, e talvez até conseguir aplicar esses recursos na sua marca.
MAS AFINAL O QUE, EXATAMENTE, É O CLUBHOUSE?
O Clubhouse é uma plataforma, focada exclusivamente em conversas por áudio, basicamente uma mistura de podcast ao vivo com bate-papo da Uol (quem lembra?), onde você tem acesso a várias salas com diversos assuntos e tópicos diferentes.
E o que torna o App tão interessante é o fácil acesso a conteúdos e conversas que antes estariam disponíveis somente através de grandes eventos. Para você ter uma ideia, até nomes como Elon Musk e Mark Zuckerberg já criaram salas e fizeram reuniões através do Clubhouse.
Sem likes, compartilhamentos ou possibilidade de salvar para mais tarde, as conversas não podem ser transcritas ou gravadas. Você pode participar de qualquer sala como ouvinte, mas para se tornar um speaker (quem fala nas reuniões) é preciso ser habilitado/convidado pelos moderadores.
Mas o que exatamente fez esse App ser tão desejado e estar entre os principais tópicos da internet no último mês?
O seu psicológico.
No marketing existem diversos “gatilhos mentais” que são usados em você o tempo todo, e aparentemente, a galera do Clubhouse é especialista em psicologia e manda bem demais nisso.
A plataforma é um exemplo perfeito da aplicação de gatilhos mentais e outras estratégias de vendas. O fato é que elas funcionam tão bem que teve até gente vendendo ou sorteando convites para participar.
Nos próximos parágrafos vamos analisar duas técnicas que são fortemente usadas no marketing da plataforma e, como você vai perceber, funcionam de uma maneira absurda.
Rola a página aí.
PRIMEIRO: SEU MEDO DE FICAR DE FORA
O Fear Of Missing Out, mais conhecido como FOMO, é explicado na psicologia como um medo de que outras pessoas estejam tendo experiências satisfatórias sem você.
Lembra das perguntas que te fizemos lá no começo desse texto? É exatamente essa sensação.
Esse é um dos maiores combustíveis das redes sociais. Em um mundo onde as informações são compartilhadas em segundos e o que hoje é tendência, amanhã pode ficar obsoleto, não querer se sentir excluído alimenta nosso imediatismo e consequentemente nos faz consumir mais, clicar mais e querer estar sempre atualizado.
SEGUNDO: O FATO DAS SUAS ESCOLHAS NÃO SEREM LÓGICAS
Se você se acha uma pessoa muito racional e que só faz escolhas depois de pensar cuidadosamente nos prós e contras, eu tenho uma péssima notícia para te dar…
A maioria das nossas decisões não são lógicas. Você não escolheu racionalmente a Samsung ao invés da Apple (Clubhouse por que matastes os usuários de Android 😭) ou comer no Burger King e não no McDonald’s.
Seu inconsciente é que se encarregou disso.
Nosso cérebro toma decisões de maneira inconsciente. Algumas de nossas atitudes são deixadas no piloto automático, para abrir espaço a escolhas mais complexas e prevenir um possível esgotamento mental. É um recurso da própria natureza humana, utilizado para amparar um cérebro que está tomando decisões a todo o momento.
Você provavelmente escolheu o BK porque viu uma propaganda deles mais cedo em algum lugar.
Essas escolhas feitas “sem perceber” são os chamados Gatilhos Mentais, e para o mundo do marketing isso não é nenhuma novidade, usamos esse recurso natural para influenciar as decisões do consumidor ao optar por este ou aquele produto.
PORQUE MARKETING QUE FUNCIONA, ESTUDA O SEU CONSUMIDOR
Para fazer marketing de verdade é preciso estudar a fundo o comportamento do consumidor: o que as pessoas compram, como elas tomam decisões, quais seus gostos, preferências, dúvidas… E então utilizar estratégias, como os Gatilhos Mentais, para persuadir esses comportamentos do consumidor.
Aqui vai um exemplo: quem não gosta de se sentir exclusivo?
O fato de ter acesso a algo exclusivo, seja um lugar, um produto ou até outra pessoa, desperta em nós uma sensação de superioridade. O gatilho mental da Exclusividade atinge justamente esse lado do comportamento humano. A estratégia aqui é criar a sensação de privilégio, de que o consumidor faz parte de um grupo seleto de indivíduos que têm acesso a algo que nem todo mundo pode ter. Soa familiar?
A ESTRATÉGIA APLICADA COM SUCESSO
Agora, junte o medo de ficar de fora + sensação de privilégio e BOOM! Você tem um case de sucesso como o Clubhouse.
É claro que a estratégia usada pelo aplicativo envolve muitas outras táticas (inclusive outros gatilhos mentais) que também merecem uma análise completa, mas o fato é que os seus desenvolvedores conseguiram criar um ambiente onde quase não é necessário fazer marketing. Os consumidores simplesmente querem participar para sentir que pertencem a este grupo e é isso que gera toda essa divulgação em massa gratuita.
O QUE VEM DEPOIS
Os usuários de Android ainda aguardam ansiosos pelo lançamento de uma versão compatível com seus smartphones, mas não há nenhuma previsão dada pela marca.
Além disso, apesar de ainda estar sendo falado aqui e ali, já é de se pensar em como o aplicativo vai sobreviver daqui para frente, já que seu frenesi diminuiu nas últimas semanas.
Hoje, o App conta com mais ou menos 2 milhões de usuários ativos por semana e várias pessoas ainda querendo um convite.
A ferramenta parece não ter sido feita para lucrar e sim para manter um relacionamento real entre seus usuários. Mas recentemente (no dia 05/04) a plataforma informou o lançamento de um recurso de monetização para os seus criadores de conteúdo. Segundo o que foi publicado no site da Forbes, os usuários poderão enviar pagamentos uns aos outros pelo próprio app (algo parecido com o recurso de enviar recompensas do Tiktok). O aplicativo explicou também que não vai cobrar nenhuma comissão por isso e que a única taxa em cima dos pagamentos será a cobrada pelas operadoras de cartões de crédito. E a princípio, essa função vai estar disponível apenas para um pequeno grupo de teste antes de ser liberado para todo mundo.
Mas a pergunta que fica é: até quando o Clubhouse conseguirá sobreviver sem incluir publicidade na conversa?
Surgem também outras questões como: por quanto tempo ele conseguirá permanecer tão democrático e com conversas tão abertas? Ou, como será mantido o alto nível das discussões ao longo do tempo?
Além disso, grandes plataformas como Spotify, Telegram, Linkedin e até o Discord, anunciaram que pretendem lançar ou até já lançaram sua própria versão do App, o que significa muito mais concorrência em um país onde 9 a cada 10 pessoas usam Android.
Na opinião desta humilde redatora que vos fala a política de convites também é outro aspecto que funciona, mas, sem dúvida, tem vida curta. Todo bom millennial que teve sua cota de experiência com “σ τσρσ мєυ”, lembra de como o falecido Orkut começou com a exigência de convites, mas logo não viu outra saída, senão liberar o acesso para todo mundo.
Então vale a pena ficar atento aos próximos passos que a marca vai tomar e descobrir o que mais podemos aprender com as estratégias que ela usa que são, sem dúvida, muito interessantes.
Aqui na Bons ninguém mais tem convites do Club para distribuir, mas deixamos o nosso convite para você ler os outros textos aqui do Blog e acompanhar nossas redes sociais enquanto espera a sua chance de participar da nova plataforma.