Por décadas, o Google funcionou com base em palavras-chave. Usuários digitavam termos específicos e, em troca, recebiam uma lista de links ranqueados por relevância, backlinks e autoridade de domínio. Mas essa lógica está mudando, e rápido. A chegada da inteligência artificial generativa à Busca está transformando a forma como as pessoas consultam, interagem e tomam decisões na internet.
Agora, em vez de digitar “melhor celular custo-benefício 2025”, os usuários fazem perguntas completas, mostram imagens ou gravam áudios, esperando respostas instantâneas, personalizadas e contextuais. Essa nova dinâmica é impulsionada por tecnologias como os AI Overviews e o AI Mode, já em uso pelo Google em diversos mercados.
Para empresas e profissionais de marketing, isso significa o fim do SEO como conhecíamos. E o começo de uma nova fase, onde compreender o comportamento da busca é mais importante do que apenas otimizá-la.
AI Overviews e AI Mode: a nova interface da descoberta
O Google já está exibindo, no topo das páginas de resultado, resumos criados por IA generativa — os chamados AI Overviews. Neles, a ferramenta cruza diversas fontes confiáveis para oferecer uma resposta direta, clara e contextualizada à dúvida do usuário.
Já o AI Mode permite que a busca evolua para uma conversa contínua. O usuário pode aprofundar o diálogo com a IA, pedir sugestões adicionais, refinar a pergunta ou solicitar novos formatos de resposta, como imagens, vídeos, links, gráficos e comparativos.
Para marcas e redatores, isso representa uma virada: nem sempre o clique vai acontecer, mas sua presença na construção da resposta será o novo sinal de autoridade. Estar referenciado dentro de um overview pode valer mais que ocupar o primeiro lugar orgânico.
O fim do SEO tradicional? Não, mas o começo de um SEO mais inteligente
A era da IA não anula a importância do SEO, ela redefine seus critérios. O que antes era centrado em palavras-chave exatas, agora exige conteúdo mais natural, conversacional e semântico. O Google está cada vez melhor em entender intenção, contexto e qualidade real da informação.
Isso exige que as marcas abandonem o conteúdo raso ou inflado artificialmente para “agradar o algoritmo”. Em vez disso, é hora de criar materiais que:
- Respondam dúvidas reais com profundidade;
- Conectem texto, imagem e vídeo de forma coerente;
- Simulem interações mais próximas de uma conversa;
- Agreguem múltiplas perspectivas (comparativos, guias, opiniões).
SEO, nesse novo cenário, se aproxima do UX Writing e do conteúdo educativo de alto valor.
Busca multimodal: a jornada não é mais só textual
O comportamento de busca está migrando para outros formatos. Com a IA e a integração de tecnologias como Lens, Voice Search e vídeos curtos, a busca textual virou apenas uma das portas de entrada.
Hoje, é possível buscar por imagem, voz, vídeos explicativos, até mesmo por contexto geográfico. Isso exige que as marcas estejam preparadas para aparecer em múltiplos formatos e ambientes, como YouTube, Google Imagens, Reels, snippets, marketplaces e mapas.
Conteúdo multimodal deixou de ser um diferencial. Agora, é pré-requisito para ser encontrado.
Estratégias para criar conteúdo que resiste à IA (e cresce com ela)
Se o Google agora responde direto com IA, como garantir visibilidade?
- Crie conteúdos com profundidade real – IA só sintetiza o que já existe. Se o seu conteúdo for genérico, será descartado.
- Seja fonte de confiança – Sites com autoridade, estrutura clara, autoria identificável e dados verificados têm mais chance de serem usados nos resumos de IA.
- Invista em formatos híbridos – Um mesmo conteúdo pode ter versão em blog, vídeo, podcast e PDF, cobrindo todas as portas de entrada possíveis.
- Otimize para perguntas, não para palavras-chave – Pense como o usuário perguntaria a um assistente pessoal, e escreva nesse tom.
- Atualize constantemente – A IA privilegia fontes frescas e com sinais de atividade contínua.
A lógica mudou, mas o valor permanece
Não é a primeira vez que o marketing digital passa por uma ruptura. A chegada da IA generativa à Busca apenas acelera uma tendência já anunciada: as marcas que entenderem o usuário como centro da estratégia, e não o algoritmo, continuarão relevantes.
A Busca deixou de ser um indexador de páginas para se tornar uma ferramenta de decisão. E nesse cenário, não ganha quem aparece mais. Ganha quem entrega respostas melhores, no formato certo, na hora certa.
A pergunta agora não é se sua marca vai se adaptar à IA. É se ela vai conseguir manter relevância mesmo quando o clique deixar de ser o objetivo final.