Em um cenário digital onde a maioria das empresas corre atrás de curtidas, seguidores e tráfego, uma pergunta precisa ser feita com seriedade: o que realmente indica que sua marca está crescendo de forma saudável? Se sua resposta ainda está baseada em métricas isoladas e superficiais, talvez esteja na hora de adotar um novo norte: a métrica estrela-guia (North Star Metric). Mais do que um número, ela é uma bússola estratégica que pode alinhar marketing, produto e crescimento em torno de um objetivo comum, o de entregar valor real e mensurável.
O que é, afinal, a métrica estrela-guia?
A métrica estrela-guia é a principal métrica que representa o valor que sua empresa entrega ao cliente. É o número que, quando cresce, mostra que a empresa está no caminho certo: mais pessoas estão percebendo, utilizando e se beneficiando da sua solução. Ao contrário das métricas de vaidade (como visualizações ou cliques), a NSM está diretamente ligada à retenção, engajamento e crescimento sustentável.
Ela não substitui outras métricas de marketing ou produto, mas serve como referência central. Ou seja: tudo o que você faz, da campanha à melhoria de onboarding, deve, de algum modo, impactar positivamente essa métrica.
Por que sua empresa precisa de uma agora?
Porque sem uma métrica clara de valor, fica fácil confundir movimento com progresso. Dá pra crescer o tráfego e ainda assim perder clientes. Dá pra gerar leads e não vender. Dá pra postar todo dia e continuar irrelevante.
Ela ajuda a:
- Alinhar todos os times com o mesmo foco
- Criar critérios objetivos para priorizar ações
- Medir impacto real das iniciativas de marketing e produto
- Focar em crescimento consistente, e não em picos impulsivos de engajamento
Como encontrar sua métrica estrela-guia?
Se definir uma “North Star Metric” parece confuso no início, é porque estamos acostumados a olhar para números isolados: curtidas, tráfego, leads, downloads, seguidores… Tudo isso pode parecer importante, mas muito disso não mede o valor que sua empresa realmente entrega ao cliente, e menos ainda indica crescimento sustentável.
A métrica estrela-guia não é um número qualquer. Ela é um reflexo do impacto real que você gera para quem usa seu produto ou serviço. E para que ela seja eficaz, precisa cumprir três critérios fundamentais:
1. Refletir o valor entregue ao cliente
Essa é a base. A NSM precisa capturar aquilo que o cliente obtém de mais relevante ao interagir com seu negócio. Não é sobre o que você faz, mas sobre o que ele ganha.
Pergunte-se:
O que, na prática, comprova que meu cliente está extraindo valor real da solução?
Qual comportamento indica que ele está engajado, satisfeito ou retornando?
Se você vende software de gestão, pode ser o número de tarefas organizadas ou de relatórios gerados. Se você oferece cursos online, pode ser o número de aulas completas ou certificados emitidos.
2. Estar diretamente ligada à retenção ou à receita
Se sua estrela-guia cresce, a empresa cresce, esse é o princípio. Por isso, ela deve estar conectada a um motor de receita ou fidelização. Métricas que não afetam a permanência do cliente ou o fluxo de receita tendem a ser superficiais.
Exemplos:
Um app de entrega pode usar “pedidos feitos por mês” como NSM, isso impulsiona receita e indica hábitos de uso.
Um SaaS pode medir “usuários ativos semanais”, quanto mais engajamento, maior a chance de renovação e expansão de contrato.
3. Ser mensurável e influenciável por vários times
Uma boa NSM não pode ficar restrita a um setor. Ela deve ser monitorável com clareza e influenciável por marketing, produto, vendas, sucesso do cliente. Isso é essencial para criar um senso real de colaboração entre áreas.
Se só o time de produto entende ou pode agir sobre a métrica, ela perde força como norte estratégico.
O erro mais comum: escolher métricas de vaidade como métrica estrela-guia
Métricas como número de seguidores, visitas ao site ou taxa de abertura de e-mails não servem como estrela-guia. Elas podem até indicar alcance, mas não garantem valor nem crescimento real. Se não estiverem ligadas a uso, engajamento profundo ou retorno, servem mais para inflar relatórios do que orientar decisões.
Como aplicar esses critérios ao seu modelo de negócio?
SaaS (Software como Serviço)
Métrica estrela-guia sugerida: Ações-chave executadas por usuário
Por exemplo: no Trello, pode ser “quadros criados por mês”; no Slack, “mensagens enviadas por equipe ativa”.
Essas ações são o que torna o serviço útil — se aumentam, é sinal de uso recorrente, valor percebido e menor churn.
E-commerce
Métrica estrela-guia sugerida: Pedidos recorrentes por cliente ou frequência de recompra
Você não quer só atrair compradores únicos, mas sim criar hábito de compra. A recompra indica satisfação, confiança e experiência positiva. E impulsiona o LTV.
Infoproduto / Cursos Online
Métrica estrela-guia sugerida: Horas assistidas por aluno ou taxa de conclusão de curso
Aqui, o valor está no aprendizado real. Se o aluno assiste até o final, ele não só está engajado como tende a recomendar, comprar outro curso ou renovar acesso.
B2B / Serviços de alto valor
Métrica estrela-guia sugerida: Tempo até a primeira entrega de valor (Time to Value) ou quantidade de reuniões de impacto realizadas
No B2B, vendas complexas exigem envolvimento contínuo. Uma boa NSM pode medir a velocidade com que você começa a gerar resultado para o cliente, ajudando na retenção e na expansão da conta.
Como alinhar o marketing digital à sua estrela-guia?
É aqui que muita empresa se perde. O time de marketing corre atrás de CAC, tráfego, seguidores… enquanto o time de produto fala de uso, adoção e retenção. Quando a NSM é clara, o marketing deixa de ser só gerador de leads e passa a ser uma força estratégica de crescimento.
- Campanhas de topo de funil: focam em atrair leads mais propensos a gerar valor real (ex: não só quem clica, mas quem tende a usar o produto com profundidade)
- Conteúdo: foca em educação e ativação, ajudando o cliente a entender o problema e usar a solução com mais eficiência
- E-mails, automações e nutrição: devem estar orientados para ações que impactam a NSM (ex: converter usuários em ativos, completar primeiras tarefas, fazer recompra)
A pergunta que guia: essa ação aproxima o cliente do valor central que a empresa entrega?
Crescer com inteligência, não por impulso
Adotar a métrica estrela-guia não é sobre mudar tudo de uma hora pra outra. É sobre mudar o critério de sucesso. Se antes você celebrava picos de tráfego e posts virais, agora começa a avaliar se isso gera retenção, crescimento orgânico, clientes satisfeitos e recorrentes.
É esse tipo de métrica que torna o marketing parte real da estratégia de crescimento, e não apenas um gerador de ruído.
A pergunta que fica
Sua empresa está crescendo com direção ou só com agitação?
Definir uma métrica estrela-guia é o primeiro passo para transformar ações isoladas em um movimento coeso de valor. E quando marketing, produto e vendas falam a mesma língua, o crescimento deixa de ser um esforço fragmentado e vira consequência.